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sexta-feira, 10 de abril de 2009

SOBRE POESIA CONCRETA

Poesia Concreta A POESIA CONCRETA Em 1956, a Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada na cidade de São Paulo, lançou oficialmente o mais controverso movimento de poesia vanguardista brasileira: o concretismo*.


Criada por Décio Pignatari (1927), Haroldo de Campos (1929) e Augusto de Campos (1931), a poesia concreta era um ataque à produção poética da época, dominada pela geração de 1945, a quem os jovens paulistas acusavam de verbalismo, subjetivismo, falta de apuro e incapacidade de expressar a nova realidade gerada pela revolução industrial. São Paulo vivia então o apogeu do desenvolvimentismo da Era J.K. e seus intelectuais buscavam uma poética ideológica/artística cosmopolita, como tinham feito os modernistas de 1922. Por isso, um dos modelos adotados pelos concretos foi Oswald de Andrade cuja lírica sintética (“poemas-pílula”) representava para eles o vanguardismo mais radical.


* Desde 1952, os jovens intelectuais paulistas vinham procurando um novo caminho através de uma revista chamada Noigandres, palavra tirada de um poema de Erza Pound e que não significa nada. "Todo o poema é uma aventura planificada" Em síntese, os criadores do concretismo propugnavam um experimentalismo poético (planificado e racionalizado) que obedecia aos seguintes princípios: - Abolição do verso tradicional, sobretudo através da eliminação dos laços sintáticos (preposições, conjunções, pronomes, etc.), gerando uma poesia objetiva, concreta, feita quase tão somente de substantivos e verbos; - Um linguagem necessariamente sintética, dinâmica, homóloga à sociedade industrial (“A importância do olho na comunicação mais rápida... os anúncios luminosos, as histórias em quadrinhos, a necessidade do movimento....”); - Utilização de paronomásias, neologismos, estrangeirismos; separação de prefixos e sufixos; repetição de certos morfemas; valorização da palavra solta (som, forma visual, carga semântica) que se fragmenta e recompõe na página; - O poema transforma-se em objeto visual, valendo-se do espaço gráfico como agente estrutural: uso dos espaços brancos, de recursos tipográficos, etc.; em função disso o poema deverá ser simultaneamente lido e visto. Exemplo destas propostas pode ser encontrado no poema Terra de Décio Pignatari:

ra terra ter rat erra ter rate rra ter rater ra ter raterr a ter raterra terr araterra ter raraterra te rraraterra t erraraterra terraraterra


Observe-se o despojamento e o jogo verbal deste poema de Haroldo de Campos:

de sol a sol soldado de sal a sal salgado de sova a sova sovado de suco a suco sugado de sono a sono sonado sangrado de sangue a sangue


Os recursos visuais

Os recursos visuais são utilizados por Augusto de Campos como no poema abaixo entitulado Eis os amantes:

COLOCAR EIS OS AMANTES

Em Pós-tudo, escrito no fim da década de 80, Augusto de Campos parece fazer o inventário de sua participação no concretismo, identificando o seu papel nas mudanças poéticas e reconhecendo que o caminho revolucionário acabara na mudez*:

COLOCAR POEMA PÓS –TUDO *


Mudo aqui tem um sentido ambivalente.

Além da indicação de mudez, o termo poderia ser interpretado como forma verbal de mudar, traduzindo assim o início uma nova busca de alternativas por parte do autor, após a experiência concretista.


VÍDEO DE ENTREVISTA DE HAROLDO DE CAMPOS

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