quinta-feira, 19 de novembro de 2015
terça-feira, 21 de abril de 2015
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Os poemas
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
- Mario Quintana
sábado, 20 de abril de 2013
POEMAS DE LEMINSKI
Poetas Velhos
[Paulo Leminski]
Bom dia, poetas
velhos.
Me deixem na boca
o gosto dos versos
mais fortes que não farei.
Dia vai vir que os saiba
tão bem que vos cite
como quem tê-los
um tanto feito também,
acredite.
[É tudo o que
sinto] (Paulo Leminski)
Inverno
É tudo o que sinto
Viver
É sucinto
É tudo o que sinto
Viver
É sucinto
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
( Cecília Meireles )
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Aja como se o que você faz fizesse diferença, porque
faz." William James
faz." William James
MULHER PERIFÉRICA
"TE VEJO ASSIM
MULHER
TÃO MARIA
TECENDO SONHOS
NOVELOS DE NUVENS
QUE SE DISSIPAM
NUM BREVE SOPRO
DE REALIDADE
MAS MESMO ASSIM
PERMANECES
NA LUTA
SEM ESPERANÇA
SEM TETO
SEM IGUALDADE."
Poesia Maria Mulher
de
Katia Martins
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
GALBA LANÇA SEU MAIS RECENTE CD
Está disponível em nossa loja, o novo trabalho do companheiro Galba, integrante do Grupo Mina das Minas e artista incomparável, vale a pena conferir e adquirir o CD com músicas de altíssima qualidade.
Brevemente colocaremos aqui uma entrevista e vídeos com algumas músicas deste talentoso artista Mineiro.
Um competente representante da nossa Música Popular Brasileira.
_____________________________________________________
VISITE A NOSSA LOJA, COM DIVULGAÇÃO DE TRABALHOS DOS NOSSOS ARTISTAS PARCEIROS
terça-feira, 7 de agosto de 2012
130 ANOS DO DESAPARECIMENTO DE LUÍS GAMA
Luís Gonzaga Pinto da Gama nasceu no dia 21
de junho de 1830, em Salvador, filho de Luiza Mahin e de um pai cujo nome
jamais se soube.
A
mãe, negra altiva, insofrida, tem uma história riquíssima. Foi uma das
principais figuras da Revolta dos Malês e participou da Sabinada, em 1837,
quando então foi para o Rio de Janeiro, onde desapareceu.
O
pai, de origem portuguesa, herdara uma grande fortuna. Mas, amante da caça, da
boa vida e dos jogos de azar, acabou reduzido à pobreza. Nesse momento, vendeu
o próprio filho. Tinha então Luís Gama dez anos de idade. Tendo nascido livre,
tornara-se escravo e foi embarcado num navio com diversos escravos
contrabandeados para o Rio de Janeiro e São Paulo.
Foi
comprado pelo alferes Antonio Pereira Cardoso, proprietário de uma fazenda no
município paulista de Lorena. Em 1847, o alferes recebeu a visita de um jovem
estudante chamado Antonio Rodrigues do Prado Júnior, que, afeiçoando-se a Luís
Gama, ensinou-o a ler e a escrever. Em 1848, Luís Gama fugiu do cativeiro.
Serviu como soldado durante seis anos. Deu baixa em 1854, após ser preso por
causa de um ato que o próprio Gama chama de “suposta insubordinação” já que,
ele mesmo diz, apenas se limitara a responder a um oficial que o insultara.
Em
1856, volta à Força Pública, como funcionário da Secretaria da Repartição. Em
1859 surge o livro Primeiras Trovas Burlescas do Getulino. Eram poesias
satíricas que ricularizavam a aristocracia e os homens de poder da época. A
primeira edição acabou em três anos.
Luís
Gama inaugurou a imprensa humorística paulistana ao fundar, em 1864, o jornal
Diabo Coxo. Luís não se acomodava. Através da imprensa iniciou sua cruzada
contra o escravismo. Mais tarde, como advogado libertou uma imensidão de
escravos. Sud Mennucci o considera o precursor do abolicionismo no Brasil.
É
de Luís Gama a seguinte frase: “Perante o Direito, é justificável o crime do
escravo perpetrado na pessoa do Senhor”. Lembra Malcom X, só que Malcom
nasceria muito tempo depois. Autodidata, Luís Gama tornou-se advogado
respeitado graças à eloquência sem par e ao raciocínio arguto. Rui Barbosa
disse dele o seguinte:”Um coração de anjo, um espírito genial, uma torrente de
eloquência, de dialética e de graça”.
Em
sua casa dispunha sempre de uma caixa com moedas que dava aos negros em
dificuldades que vinham procurá-lo. Era conhecido como o “amigo de todos”. Esse
seu lado caridoso, no entanto, fazia par com o ódio que nutria contra qualquer
forma de opressão.
Influenciador
de Raul Pompéia, Alberto Torres e Américo de Campos, venerável de loja
maçônica, Luís Gama morreu sem ver concretizado seu sonho de Abolição.
Acometido de diabete, decaiu fisicamente com extrema velocidade. Faleceu em 24
de agosto de 1882 e foi enterrado no dia 25.
O
seu enterro foi um fato memorável. O cortejo saiu do Brás às 15h do dia 25 e
fez, a pé, o percurso até o Cemitério da Consolação, seguido por uma multidão.
Parava-se de vez em quando para que os oradores fizessem discursos. Os
aristocratas e burgueses tiravam o chapéu à passagem do cortejo. No fim da
tarde, chegaram ao destino. Na hora de baixar o caixão à cova, ocorreu uma cena
emocionante. Um homem (talvez Antonio Bento) ergueu a voz. Quem relata é Raul
Pompéia: “a voz soluçava-lhe na garganta. Disse duas palavras, sem retórica, a
respeito do homem que ali jazia caído… Lembrou aos presentes que aquele fora
Luís Gama… A multidão chorou. Então, o orador reforçou a voz, reforçou o gesto,
e intimou a multidão a jurar sobre o cadáver, que não deixaria morrer a ideia
pela qual combatera aquele gigante. Um brado surdo, imponente, vasto,
levantou-se no cemitério. As mãos estenderam-se abertas para o cadáver… A
multidão jurou”. Então, os coveiros desceram o esquife para a sepultura.
Ref.: Silva, J Romão. Luiz Gama e saus Poesias Satíricas. Rio de
Janeiro: Ed. Casa do Estudante do Brasil.
Consulte também a reedição de Primeiras Trovas Burlescas e Outros Poemas, livro organizado por Lígia Ferreira e
editado pela Martins Fontes em 2000.
Fonte: blog quilombhoje
quinta-feira, 16 de junho de 2011
FAZENDO LUZ - DEVANEIOS POETICOS: CASA CORA CORALINA
FAZENDO LUZ - DEVANEIOS POETICOS: CASA CORA CORALINA: "ABL (Abrigo Brasileiro de Literatos) Projeto de casa pousada totalmente sustentável para artistas literários. “Escritores talvez seja..."
quarta-feira, 15 de junho de 2011
FRASE DE DARCY RIBEIRO
Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autônomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.
( DARCY RIBEIRO )
sexta-feira, 3 de junho de 2011
CASA CORA CORALINA
ABL (Abrigo Brasileiro de Literatos)
Projeto de casa pousada totalmente sustentável para artistas literários.
“Escritores talvez sejam enquadráveis, tecnicamente, na categoria de comunicadores, e sem dúvida sempre houve os que se notabilizaram mais pelo talento promocional do que pela qualidade do texto. Isso não muda o fato de que escrever requer uma medida de recolhimento, de silêncio mental, sem a qual é impossível distinguir o que é a própria voz e o que é a gritaria do mundo.”
Sergio Rodrigues
Tendo em vista que a arte da escrita criativa requer na maioria dos casos, um certo recolhimento e tempo para que o escritor possa organizar suas idéias sem a interferência do caos e grande fluxo de informações presente nas grandes cidades, o que faz o processo criativo ficar muito prejudicado, e que apenas alguns poucos privilegiados podem dispor de um lugar tranqüilo para exercer o oficio da escrita, percebe-se a necessidade, de um local que possa agregar por um período, como um retiro, escritores iniciantes, ou pessoas criativas que por questões financeiras ou familiares, não têm facilmente acesso a tais facilidades.
A idéia é uma casa nos moldes de uma pousada simples, construída de forma totalmente sustentável, utilizando materiais reutilizáveis, tanto na construção como na decoração. Para isso utilizaremos um terreno no município de Bofete-SP.
A casa será um local para abrigar escritores em fase de criação e produção de seus trabalhos, onde os hóspedes poderão utilizar um lugar tranqüilo e voltado para a criação, em contato com a natureza e com todo o suporte de computador, impressoras fax, etc. por um tempo pré determinado.
Como recompensa para os apoiadores, poderemos oferecer livros dos autores envolvidos no projeto, CD e DVD com imagens do desenvolvimento do projeto, e estadias totalmente gratuitas na casa-pousada, por períodos pré determinados.
A CASA COMPÕEM-SE DE:
2 QUARTOS ( tipo alojamento – Masculino e Feminino)
1 ESCRITÓRIO
1 SALA
1 COZINHA
1 VARANDA
Recompensas para os apoiadores
- Livro de autores parceiros do projeto
- CD e DVD do Desenvolvimento do projeto
- Gravação do nome dos apoiadores em objetos da casa
- Convite para a festa de lançamento da casa
- Estadia na casa de 05 a 30 dias
http://www.facebook.com/home.php?sk=group_152380818167841
Junte-se a nós nesta louca idéia!...
segunda-feira, 25 de abril de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
CARTA DE MARIO QUINTANA A UM POETA
Meu caro poeta,
Por um lado foi bom que me tivesses pedido resposta urgente, senão eu jamais escreveria sobre o assunto desta, pois não possuo o dom discursivo e expositivo, vindo daí a dificuldade que sempre tive de escrever em prosa. A prosa não tem margens, nunca se sabe quando, como e onde parar. O poema, não; descreve uma parábola traçada pelo próprio impulso (ritmo); é que nem um grito.
Aliás, a posteridade é muito comprida: me dá sono. Escrever com o olho na posteridade é tão absurdo como escreveres para os súditos de Ramsés II, ou para o próprio Ramsés, se fores palaciano.
Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto compete melhor aos discursivos e expositivos, aos oradores e catedráticos.
Que sobra então para a poesia? – perguntarás. E eu te respondo que sobras tu. Achas pouco? Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu, que transcende os teus limites pessoais, mergulhando no humano.
O Profeta diz a todos: “eu vos trago a verdade”, enquanto o poeta, mais humildemente, se limita a dizer a cada um: “eu te trago a minha verdade.” E o poeta, quanto mais individual, mais universal, pois cada homem, qualquer que seja o condicionamento do meio e e da época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano.
Embora, eu que o diga, seja tão difícil ser assim autêntico. Às vezes assalta-me o terror de que todos os meus poemas sejam apócrifos!
Meu poeta, se estas linhas estão te aborrecendo é porque és poeta mesmo. Modéstia à parte, as digressões sobre poesia sempre me causaram tédio e perplexidade. A culpa é tua, que me pediste conselho e me colocas na insustentável situação em que me vejo quando essas meninas dos colégios vêm (por inocência ou maldade dos professores) fazer pesquisas com perguntas assim: “O que é poesia? Por que se tornou poeta? Como escreve os seus poemas?” A poesia é dessas coisas que a gente faz, mas não diz.
A poesia é um fato consumado, não se discute; perguntas-me, no entanto, que orientação de trabalho seguir e que poetas deves ler. Eu tinha vontade de ser um grande poeta para te dizer como é que eles fazem. Só te posso dizer o que eu faço. Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma repentina imagem que me ocorre em qualquer parte, nas ocasiões mais insólitas. A esta imagem respondem outras. Por vezes uma rima até ajuda, com o inesperado da sua associação. (Em vez de associações de idéias, associações de imagem; creio ter sido esta a verdadeira conquista da poesia moderna.) Não lhes oponho trancas nem barreiras. Vai tudo para o papel.
Guardo o papel, até que um dia o releio, já esquecido de tudo (a falta de memória é uma bênção nestes casos). Vem logo o trabalho de corte, pois noto logo o que estava demais ou o que era falso. Coisas que pareciam tão bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema) tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema.
Um poema tanto mais belo é quanto mais parecido for com o cavalo. Por não ter nada de mais nem nada de menos é que o cavalo é o mais belo ser da Criação.
Como vês, para isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira. O desfecho é sempre incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos 17 anos.
Há na Bíblia uma passagem que não sei que sentido lhe darão os teólogos; é quando Jacob entra em luta com um anjo e lhe diz: “Eu não te largarei até que me abençoes”. Pois bem, haverá coisa melhor para indicar a luta do poeta com o poema? Não me perguntes, porém, a técnica dessa luta sagrada ou sacrílega.
Cada poeta tem de descobrir, lutando, os seus próprios recursos. Só te digo que deves desconfiar dos truques da moda, que, quando muito, podem enganar o público e trazer-te uma efêmera popularidade.
Em todo caso, bem sabes que existe a métrica. Eu tive a vantagem de nascer numa época em que só se podia poetar dentro dos moldes clássicos. Era preciso ajustar as palavras naqueles moldes, obedecer àquelas rimas.
Uma bela ginástica, meu poeta, que muitos de hoje acham ingenuamente desnecessária. Mas, da mesma forma que a gente primeiro aprendia nos cadernos de caligrafia para depois, com o tempo, adquirir uma letra própria, espelho grafológico da sua individualidade, eu na verdade te digo que só tem capacidade e moral para criar um ritmo livre quem for capaz de escrever um soneto clássico.
Verás com o tempo que cada poema, aliás, impõe sua forma; uns, as canções, já vêm dançando, com as rimas de mãos dadas, outros, os dionisíacos (ou histriônicos, como queiras) até parecem aqualoucos.
E um conselho, afinal: não cortes demais (um poema não é um esquema); eu próprio que tanto te recomendei a contenção, às vezes me distendo, me largo num poema que vai lá seguindo com os detritos, como um rio de enchente, e que me faz bem, porque o espreguiçamento é também uma ginástica. Desculpa se tudo isso é uma coisa óbvia; mas para muitos, que tu conheces, ainda não é; mostra-lhes, pois, estas linhas.
Agora, que poetas deves ler? Simplesmente os poetas de que gostares e eles assim te ajudarão a compreender-te, em vez de tu a eles. São os únicos que te convêm, pois cada um só gosta de quem se parece consigo. Já escrevi, e repito: o que chamam de influência poética é apenas confluência. Já li poetas de renome universal e, mais grave ainda, de renome nacional, e que, no entanto, me deixaram indiferente. De quem a culpa? De ninguém. É que não eram da minha família.
Enfim, meu poeta, trabalhe, trabalhe em seus versos e em você mesmo e apareça-me daqui a vinte anos. Combinado?
fonte: http://clubecaiubi.ning.com http://clubecaiubi.ning.com/forum/topics/carta-de-mario-quintana-a-um#ixzz1K5m77PrQ
Por um lado foi bom que me tivesses pedido resposta urgente, senão eu jamais escreveria sobre o assunto desta, pois não possuo o dom discursivo e expositivo, vindo daí a dificuldade que sempre tive de escrever em prosa. A prosa não tem margens, nunca se sabe quando, como e onde parar. O poema, não; descreve uma parábola traçada pelo próprio impulso (ritmo); é que nem um grito.
Todo poema é, para mim, uma interjeição ampliada; algo de instintivo, carregado de emoção. Com isso não quero dizer que o poema seja uma descarga emotiva, como o fariam os românticos. Deve, sim, trazer uma carga emocional, uma espécie de radioatividade, cuja duração só o tempo dirá. Por isso há versos de Camões que nos abalam tanto até hoje e há versos de hoje que os pósteros lerão com aquela cara com que lemos os de Filinto Elísio.
Aliás, a posteridade é muito comprida: me dá sono. Escrever com o olho na posteridade é tão absurdo como escreveres para os súditos de Ramsés II, ou para o próprio Ramsés, se fores palaciano.
Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto compete melhor aos discursivos e expositivos, aos oradores e catedráticos.
Que sobra então para a poesia? – perguntarás. E eu te respondo que sobras tu. Achas pouco? Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu, que transcende os teus limites pessoais, mergulhando no humano.
O Profeta diz a todos: “eu vos trago a verdade”, enquanto o poeta, mais humildemente, se limita a dizer a cada um: “eu te trago a minha verdade.” E o poeta, quanto mais individual, mais universal, pois cada homem, qualquer que seja o condicionamento do meio e e da época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano.
Embora, eu que o diga, seja tão difícil ser assim autêntico. Às vezes assalta-me o terror de que todos os meus poemas sejam apócrifos!
Meu poeta, se estas linhas estão te aborrecendo é porque és poeta mesmo. Modéstia à parte, as digressões sobre poesia sempre me causaram tédio e perplexidade. A culpa é tua, que me pediste conselho e me colocas na insustentável situação em que me vejo quando essas meninas dos colégios vêm (por inocência ou maldade dos professores) fazer pesquisas com perguntas assim: “O que é poesia? Por que se tornou poeta? Como escreve os seus poemas?” A poesia é dessas coisas que a gente faz, mas não diz.
A poesia é um fato consumado, não se discute; perguntas-me, no entanto, que orientação de trabalho seguir e que poetas deves ler. Eu tinha vontade de ser um grande poeta para te dizer como é que eles fazem. Só te posso dizer o que eu faço. Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma repentina imagem que me ocorre em qualquer parte, nas ocasiões mais insólitas. A esta imagem respondem outras. Por vezes uma rima até ajuda, com o inesperado da sua associação. (Em vez de associações de idéias, associações de imagem; creio ter sido esta a verdadeira conquista da poesia moderna.) Não lhes oponho trancas nem barreiras. Vai tudo para o papel.
Guardo o papel, até que um dia o releio, já esquecido de tudo (a falta de memória é uma bênção nestes casos). Vem logo o trabalho de corte, pois noto logo o que estava demais ou o que era falso. Coisas que pareciam tão bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema) tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema.
Um poema tanto mais belo é quanto mais parecido for com o cavalo. Por não ter nada de mais nem nada de menos é que o cavalo é o mais belo ser da Criação.
Como vês, para isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira. O desfecho é sempre incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos 17 anos.
Há na Bíblia uma passagem que não sei que sentido lhe darão os teólogos; é quando Jacob entra em luta com um anjo e lhe diz: “Eu não te largarei até que me abençoes”. Pois bem, haverá coisa melhor para indicar a luta do poeta com o poema? Não me perguntes, porém, a técnica dessa luta sagrada ou sacrílega.
Cada poeta tem de descobrir, lutando, os seus próprios recursos. Só te digo que deves desconfiar dos truques da moda, que, quando muito, podem enganar o público e trazer-te uma efêmera popularidade.
Em todo caso, bem sabes que existe a métrica. Eu tive a vantagem de nascer numa época em que só se podia poetar dentro dos moldes clássicos. Era preciso ajustar as palavras naqueles moldes, obedecer àquelas rimas.
Uma bela ginástica, meu poeta, que muitos de hoje acham ingenuamente desnecessária. Mas, da mesma forma que a gente primeiro aprendia nos cadernos de caligrafia para depois, com o tempo, adquirir uma letra própria, espelho grafológico da sua individualidade, eu na verdade te digo que só tem capacidade e moral para criar um ritmo livre quem for capaz de escrever um soneto clássico.
Verás com o tempo que cada poema, aliás, impõe sua forma; uns, as canções, já vêm dançando, com as rimas de mãos dadas, outros, os dionisíacos (ou histriônicos, como queiras) até parecem aqualoucos.
E um conselho, afinal: não cortes demais (um poema não é um esquema); eu próprio que tanto te recomendei a contenção, às vezes me distendo, me largo num poema que vai lá seguindo com os detritos, como um rio de enchente, e que me faz bem, porque o espreguiçamento é também uma ginástica. Desculpa se tudo isso é uma coisa óbvia; mas para muitos, que tu conheces, ainda não é; mostra-lhes, pois, estas linhas.
Agora, que poetas deves ler? Simplesmente os poetas de que gostares e eles assim te ajudarão a compreender-te, em vez de tu a eles. São os únicos que te convêm, pois cada um só gosta de quem se parece consigo. Já escrevi, e repito: o que chamam de influência poética é apenas confluência. Já li poetas de renome universal e, mais grave ainda, de renome nacional, e que, no entanto, me deixaram indiferente. De quem a culpa? De ninguém. É que não eram da minha família.
Enfim, meu poeta, trabalhe, trabalhe em seus versos e em você mesmo e apareça-me daqui a vinte anos. Combinado?
Mario Quintana
fonte: http://clubecaiubi.ning.com http://clubecaiubi.ning.com/forum/topics/carta-de-mario-quintana-a-um#ixzz1K5m77PrQ
quinta-feira, 14 de abril de 2011
AÇÃO NO DIA INTERNACIONAL DO LIVRO - 23 DE ABRIL
DIA 23 DE ABRIL É O DIA INTERNACIONAL DO LIVRO, DATA INSTITUIDA PELA UNESCO. E, COMO O LIVRO É O NOSSO PRINCIPAL MOTIVO DE UNIÃO, VENHO AQUI PROPOR UMA AÇÃO INTERESSANTE. UMA INTENSA FORMA DE COMEMORAR O NOSSO ESTANDARTE.
MUITO MAIS DO QUE UM OBJETO, O LIVRO É UMA PORTA QUE NOS ABRE UM MUNDO INFINITO E QUE NOS COLOCA COMO SERES PRIVILEGIADOS JÁ QUE SOMOS SUJEITO E PREDICADO DESSA FANTASIA. SOMOS ESCRITORAS E LEITORAS. CRIADORAS E CRIATURA.
NESSE DIA, VAMOS ABANDONAR LIVROS PELAS NOSSAS RESPECTIVAS CIDADES. SEJA DO OIAPOQUE AO CHUÍ, SEJA EM STUTTGART OU ONDE A GENTE MORAR. VAMOS FAZER ACONTECER. ASSIM SEJA.
PRIMEIRO PASSO: ESCOLHER OS LIVROS QUE NÃO MAIS IREMOS LER, MAS QUE ALEGRARÃO OUTRAS PESSOAS.
SEGUNDO PASSO: DEIXAR UM BILHETE DENTRO DELE . EXEMPLO: ESSE LIVRO É SEU. ESPERO QUE GOSTE DO PRESENTE E FAÇA DELE UM BOM USO.
(DÊ A SUA PRÓPRIA REDAÇÃO. ASSINAR O BILHETE OU DEIXAR A SUA HOME PAGE É OPCIONAL. EU SEMPRE DEIXO. EM NOME DA PRUDÊNCIA, NÃO ACONSELHO INFORMAR SEU E-MAIL OU TELEFONE MUITO MENOS ENDEREÇO. ISSO PODE TRANSFORMAR A SUA VIDA NUM INFERNO).
TERCEIRO PASSO: COLOCÁ-LO DENTRO DE UM SAQUINHO PLÁSTICO, NO CASO DE ABANDONÁ-LO NA RUA OU ONDE POSSA CORRER RISCO DE SE ESTRAGAR. CUIDADO É CARINHO.QUARTO PASSO: NO PRÓXIMO DIA 23 DE ABRIL CARREGÁ-LOS NA SACOLA E DEIXÁ-LOS DISTRAIDAMENTE EM PRAÇAS, RESTAURANTES, TOALETES. METRÔ, TAXI, ELEVADOR, PORTARIA, PRATELEIRAS DE SUPERMERCADOS, BANCOS DE IGREJA, AVIÃO, E MIL OUTROS LUGARES QUE VOCÊS INVENTAREM.
EU FAÇO ISSO SEMPRE. JÁ TENHO ATÉ UM CARIMBO PARA MARCAR A DOAÇÃO. COLOCO A MINHA HOME PAGE, NADA MAIS. ME DIVIRTO BASTANTE. MEU CORAÇÃO BATE COMO SE ESTIVESSE FAZENDO UMA COISA ERRADA. É UM BARATO.
INVENTEI ISSO EM 2002 NO PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DO FATÍDICO 11 DE SETEMBRO QUE DERRUBOU AS TORRES GÊMEAS. CHAMEI A INICIATIVA DE "ATENTADO LITERÁRIO". DEU CERTO. MUITA GENTE REPETIU A CAMPANHA O QUE CONSIDERO UMA ATITUDE VITORIOSA.
Joyce Cavalcante
Joyce Cavalcante
Fonte: REBRA - Rede de Escritoras Brasileiras
quarta-feira, 2 de março de 2011
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Oscar Wilde em edição limitada
Livro com reproduções inéditas do autor irlandês
chega a São Paulo
O livro "A Portrait of Oscar Wilde" é uma reprodução perfeita do álbum que o XI Marquês de Quensberry mantinha em sua coleção em Londres. A obra, organizada por Lúcia Moreira Salles e o neto do escritor, Merlin Holland, contém manuscritos e cartas originais anexadas.
Em setembro de 2008 todo o material foi doado para a The Morgan Library & Museum, de Nova York, e foi finalmente exibido ao público em abril de 2009.
A edição limitada que será lançada no Brasil conta com exclusivos 525 exemplares, todos numerados e assinados por Lúcia e Holland. Cada um será vendido por R$ 1 mil.
Attilio Baschera e Gregório Kramer, amigos de Lúcia, lançam a obra no Brasil durante um coquetel beneficente marcado para terça-feira, dia 10, em sua loja, a AGain, em Higienópolis.
Por lá os livros serão vendidos com exclusividade e o valor total arrecadado será doado ao Projeto Brasileirinho, da ONG Rio Voluntário, que beneficia 750 crianças e que tinha Lúcia Moreira Salles, que faleceu no ano passado, como principal mantenedora.
A impressão foi praticamente toda feita à mão pela editora especializada em livros finos, Stamperia Valdonega, de Verona, na Itália. Dá só uma espiada, em primeira mão, nas imagens da obra mais do que especial, raridade para conquistar qualquer colecionador.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
obra: O SONHO - Pablo Picasso
Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes
não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece
para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam
e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas
que passaram por suas vidas.
(O Sonho - Clarice Lispector)
Reminiscências
"Não venhas roubar a minha
solidão, se não tiver algo mais
valioso para oferecer em troca."
"Fiquei magoado, não por me teres mentido,
mas por não poder voltar a acreditar-te."
(Friedrich Nietzche)
quarta-feira, 21 de julho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
MORRE JOSÉ SARAMAGO
Prêmio Nobel e autor de "Ensaio sobre a cegueira" morreu aos 87 anos.
- "Sua morte foi uma grande perda para a literatura mundial", diz Moacyr Scliar.
A morte do escritor português José Saramago, nesta sexta-feira (18), aos 87 anos, mexeu com colegas de profissão e admiradores famosos. O escritor Moacy Scliar, membro da Academia Brasileira de Letras, foi um dos que prestou uma última homenagem ao Prêmio Nobel de Literatura.
Moacy Scliar, escritor:
"Eu recebi com muito pesar a notícia da morte do Saramago, de quem eu era leitor, admirador e colega na Academia Brasileira de Letras, local em que ele foi eleito membro correspondente mas não chegou a tomar posse. Fui muito amigo dele, convivi com ele quando ele visitou Porto Alegre. Sua morte foi uma grande perda para a literatura de lingua portuguesa e também para a literautura mundial."
Fotógrafo Sebastião Salgado:
"O Saramago foi um amigo, uma pessoa que eu respeitava demais. Fizemos muitas coisas juntos, inclusive o livro 'Terra', que foi lançado no Brasil (...) Ele sempre foi um militante, um homem de esquerda, comprometido com todas as causas sociais, principalmente de Portugal e do Brasil. Sinto profundamente. É uma perda muito grande."
O também escritor João Paulo Cuenca falou que estava muito emocionado com a morte do autor de "O ano da morte de Ricardo Reis", livro que de 1984, considerado por Cuenca como um dos melhores livros escritos na língua portuguesa.
João Paulo Cuenca, escritor:
"Adoro também o último livro dele, 'Caim', por causa do vigor e do senso de humor. Imagino que agora, com a sua morte, esteja se repetindo a cena final do livro, com Saramago pedindo para Deus prestar contas."
Ivana Arruda Leite, escritora:
"Comecei por um livro de contos pouco conhecido chamado 'Objecto Quase'. Genial. Dentre os romances, o meu preferido é 'O Evangelho segundo Jesus Cristo', o relato mais apaixonante de Jesus Cristo já feito na literatura."
O escritor e tradutor Fábio Fernandes:
"Dizer que Saramago foi um dos maiores escritores da língua portuguesa vai ser, claro, a frase-clichê do ano. Porque é verdade. Mas as provas estão aí, para quem tiver olhos de ler: "Ensaio sobre a cegueira", "História do cerco de Lisboa", "A jangada de pedra", "Memorial do convento"... a lista é imensa, e certamente cada um terá seu favorito. Eu tenho vários. Hoje mesmo vou tirar um livro de Saramago da estante e reler. Se as lágrimas deixarem."
Da Redação Revista zaP!
Com Informações: G1
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